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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eu voltei agora prá ficar...

     
      Hoje retomo nossas conversas aqui no Culinartes depois de uma longa, porém justificada ausência. Estive às voltas com muito trabalho, organizando um evento do trabalho e  outro evento pessoal. O primeiro foi um seminário para educadores sobre cultura da paz e combate ao bullying. Tive muito trabalho, pois além de organizar uma parte da logística, da programação, também proferi uma palestra. O outro evento foi o aniversário de 10 anos de minha filha, que estava empolgadíssima com a chegada dos dois dígitos. Como mãe coruja, que não abre mão de colocar a mão na massa, assumi a decoração, os doces e as lembrancinhas...ah, fiz também um patê e o molho dos mini cachorros quentes. Não foi nada grandioso, foi uma pequena comemoração em casa mesmo, com a presença dos familiares e das pessoas mais íntimas que de longa data participam da vida de minha filha.
      Bem, sobre a festinha e as coisas que fiz falarei em um próximo post, quando as fotos que meu amigo Pedro tirou chegarem até mim. Assim poderei dividir com vocês esses momentos especiais, e faço questão também de falar um pouco sobre a lógica que orientou todo o trabalho de concepção e preparação dos festejos, singelos porém genuínos. 
       Esse post é para falar um pouco do tema de minha palestra. Idéias e concepções de vida que acredito e procuro seguir em meu cotidiano. Fiz uma abordagem sobre as dimensões da paz: o eu, o outro e a natureza, baseando-me na obra As três ecologias do francês Félix Guatarri (não sei por que amo os franceses, Pierre Bordieu é minha outra paixão).
       Segundo Guatarri a crise sem precedentes que atravessamos tem destruídos as relações em diversos âmbitos - na esfera das relações que o homem desenvolve consigo mesmo, com seu corpo, com os mistérios da vida e da morte, com seus desejos e subjetividades; também está abalada no que concerne às relações entre os homens, seja no seio da família, no seio do casal, da vizinhança que representam a micropolítica, como também nas relações macropolíticas referentes às relações entre as nações do norte e do sul, entre as potências e os países subdesenvolvidos e outros; e também diz respeito às relações do homem com a natureza, o planeta, o grande cosmos.
       De acordo com essa perspectiva o enfrentamento do caos requer a articulação dessas três dimensões: a paz consigo, a paz com o outro e a paz com a natureza. A teroria é muito ampla e pretendo retornar aos poucos a essas idéias, oferecendo-as como um presente em pequenas doses aos leitores aqui do blog. Por hoje, quero apenas reforçar que preparar alimentos, cozinhar, para mim é mais que o trabalho de saciar a fome. Considero que se trata de uma forma de amar as pessoas, de reuní-las em torno dos sabores que abrem não apenas o apetite, mas principalmente a vontade de estar junto, dividindo momentos e celebrando o que temos de mais precioso: a vida. É também uma maneira de estar com a natureza, ao saboear seus frutos que passam a constituir nosso corpo, aquilo que em nós nada mais é que natureza!  Alimentar-se é um processo de encontro de naturezas: os frutos da natureza se encontram com a nossa natureza corpórea e então nos tornamos um.