RSS

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Arte de Arcimboldo

           Arcimboldo foi um pintor italiano que viveu entre 1527 e 1593. É muito conhecido, principalmente, por sua série "As Quatro Estações" em que usa flores, verduras e folhas para criar figuras humanas. Sua capacidade  de combinar as formas, as cores e o volume de certos elementos da natureza para criar a sensação de harmonia na composição, é impressionante! Essa harmonia de formas, embora nos permita enxergar algo que reconhecemos como uma figura humana, causa certo estranhamento, uma surpresa incomum pelo tipo de elemento usado. Por isso, Arcimboldo é considerado por muitos historiadores de arte, como precurssor do Surrealismo, uma vez que imprimia um caráter fantástico, fantasioso e satírico às suas criações, como se elas estivessem acima "sur", do real,  sentido do movimento artístico que surgiria séculos mais tarde.
          No  primeiro post, apresentei uma obra de Arcimboldo de 1591, chamada Flora. O motivo do título é visível, a obra é composta de flores de diferentes tamanhos, cores e texturas e se fundem compondo o rosto de uma mulher. A obra que apresento hoje chama-se Vertumnus, também da mesma data. Essa obra causa um estranhamento maior, já que é essencialmente composta por verduras. A capacidade Arcimboldo de organizar esteticamente as verduras chama atenção pela semelhança com cada parte do rosto. Assim, vemos um rosto, um pouco estranho é claro, mas no qual é possível distinguir cada um dos elementos usados.
        Gosto de imaginar que Arcimboldo era um grande pesquisador de formas que podiam saltar de tudo: troncos, galhos, animais, verduras, frutas e flores. Com imaginação deafiadora e uma paixão pelo inusitado compôs obras que convidam o apreciador a olhar o improvável, o avesso da normalidade,  os sentidos múltiplos  e vibrantes.
       Como a obra de arte permite um olhar polissêmico, que contempla vários sentidos e interpretações, deixo aqui registradas meus devaneios. Um ser ser feito de alimentos, me remete àquela máxima segundo a qual "somos o que comemos", mostranto uma relação estreita entre saúde e alimentação. Mas também me remete à forma como lidamos com a comida, que pode ir desde a mera sobrevivência, às relações de prazer que ela suscita. Entre um extremo e outro, fico com o meio termo que consiste em comer o suficiente para sobreviver e fazê-lo com prazer,  o que inclui saborear coisas gostasas, de qualidade, e principalmente, na companhia de quem se ama!


                                                                        Vertumnus, óleo s/tela, 1951.

0 comentários:

Postar um comentário